A Fração do Pão na Santa Missa: O Mistério de Cristo que Se Partilha
CORDEIRO DE DEUS / MISTÉRIO DA FÉ
A Fração do Pão na Santa Missa: O Mistério de Cristo que Se Partilha
A fração do pão na Santa Missa é um momento de profundo mistério e beleza. Ela nos lembra do sacrifício de Cristo, que entregou sua vida por amor à humanidade, e nos convida a participar desse mistério com fé e reverência.
A Santa Missa é o centro da vida cristã, o lugar onde celebramos o mistério da nossa fé: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Dentro da liturgia eucarística, um momento específico nos leva ao coração deste mistério: a fração do pão. Mais do que um simples gesto, ela expressa a essência da entrega de Cristo e revela o chamado à unidade e à partilha que cada fiel é convidado a viver.
O Contexto Bíblico da Fração do Pão
A fração do pão encontra sua origem na Última Ceia. Naquela noite, antes de sua paixão, Jesus reuniu seus discípulos e lhes disse:
“Tomai e comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós” (Mt 26,26).
Esse gesto de partir o pão não era incomum no contexto das refeições judaicas, mas Jesus lhe deu um significado novo e eterno. O pão, partido e partilhado, tornou-se símbolo de sua própria entrega na cruz, um sacrifício feito por amor à humanidade.
No Evangelho de Lucas, temos outro episódio significativo relacionado à fração do pão. Após a ressurreição, no caminho de Emaús, Jesus é reconhecido pelos discípulos quando parte o pão (Lc 24,30-31). Esse momento reforça a conexão entre a fração do pão e a presença viva de Cristo na Eucaristia.
Além disso, a prática da fração do pão marcou as primeiras comunidades cristãs. No livro dos Atos dos Apóstolos, lemos que os primeiros cristãos “partiam o pão pelas casas” (At 2,46), celebrando a Eucaristia como centro de sua vida comunitária.
O Rito da Fração do Pão na Missa
Na liturgia da Santa Missa, a fração do pão ocorre após a Oração do Pai-Nosso e antes da Comunhão. É um momento de grande reverência e significado espiritual.
1. O Gesto do Sacerdote:
O sacerdote parte a hóstia consagrada, repetindo o gesto de Cristo na Última Ceia. Esse gesto simboliza o Corpo de Cristo, entregue e partido por nós na cruz.
2. A Oração do Cordeiro de Deus:
Enquanto o sacerdote parte o pão, a assembleia canta ou recita o Agnus Dei (Cordeiro de Deus):
“Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, dai-nos a paz.”
Essa oração invoca Jesus como o Cordeiro imolado, que tira os pecados do mundo e traz a paz aos nossos corações.
3. A Unidade no Partir do Pão:
A fração do pão também expressa a unidade da Igreja. Embora o pão seja partido, ele permanece um só. Isso reflete a realidade do Corpo de Cristo: muitos membros, mas uma única Igreja, unida em Cristo.
A Fração do Pão e o Cordeiro de Deus
A ligação entre a fração do pão e o título “Cordeiro de Deus” é central para a compreensão desse momento da missa. Desde o Antigo Testamento, o cordeiro é símbolo de sacrifício e redenção.
1. O Cordeiro Pascal:
No Êxodo, o cordeiro pascal foi sacrificado para que o povo de Israel fosse libertado da escravidão no Egito (Ex 12,1-14). O sangue do cordeiro nos umbrais das portas salvou os primogênitos da morte. Esse evento prefigura Jesus, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos liberta da escravidão do pecado.
2. Jesus, o Cordeiro de Deus:
Quando João Batista proclama: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29), ele identifica Jesus como o sacrifício perfeito e definitivo. Na fração do pão, essa realidade é atualizada: Cristo se dá como o Cordeiro que foi imolado para nossa salvação.
A Fração do Pão e a Comunhão
A fração do pão prepara a assembleia para a Comunhão, o momento em que os fiéis recebem o Corpo e o Sangue de Cristo. Esse gesto carrega um significado profundo:
1. Cristo Se Partilha:
Ao partir o pão, Jesus mostra que sua vida foi entregue por todos. Ele se dá inteiramente a cada pessoa que o recebe na Eucaristia.
2. Unidade na Partilha:
Embora os fiéis recebam pedaços do pão consagrado, todos participam do mesmo Corpo de Cristo. Essa comunhão expressa a unidade da Igreja e a vocação de cada cristão a viver em harmonia com os outros.
3. O Chamado à Doação:
Assim como Cristo se partilha conosco, somos chamados a partilhar nossa vida, dons e bens com os outros.
A fração do pão é um lembrete de que a Eucaristia não se limita ao altar, mas deve transformar nossa vida e inspirar gestos de amor e solidariedade.
Reflexão Espiritual
A fração do pão não é apenas um rito litúrgico, mas uma mensagem poderosa para a nossa vida cristã. Assim como o pão é partido e dado, Jesus se entrega totalmente por nós, convidando-nos a viver a mesma dinâmica de doação e partilha.
Cada vez que assistimos a esse momento na missa, somos chamados a refletir:
• Estamos dispostos a nos partilhar com os outros, como Cristo se partilhou por nós?
• Vivemos em comunhão com nossos irmãos e irmãs, ou permitimos que divisões e egoísmo nos afastem da unidade que a Eucaristia representa?
A fração do pão nos ensina que a verdadeira comunhão com Cristo implica também a comunhão com os outros. Não podemos nos aproximar do altar com corações fechados ou indiferentes. O pão que recebemos nos fortalece para sermos, no mundo, sinais vivos do amor de Deus.
Conclusão
A fração do pão na Santa Missa é um momento de profundo mistério e beleza. Ela nos lembra do sacrifício de Cristo, que entregou sua vida por amor à humanidade, e nos convida a participar desse mistério com fé e reverência.
Ao vivermos a Eucaristia, somos chamados a nos tornar “pão partido” para os outros, promovendo a unidade, a partilha e o amor. Cada vez que ouvimos as palavras “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo”, somos convidados a acolher o Cristo que se partilha e a sermos sinais de sua presença no mundo.
Que a fração do pão renove em nós o desejo de viver em comunhão com Cristo e com nossos irmãos, para que, fortalecidos por esse alimento espiritual, possamos ser instrumentos de paz, unidade e amor na construção do Reino de Deus.

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